Na idade madura descobri que o colo da minha mãe sempre esteve vazio para mim. Ele estava ocupado pela mãe dela, que também não havia encontrado o colo de sua própria mãe.
São muitos os colos de mãe que estão vazios porque essas mães estão presas, congeladas em processos traumáticos nos quais perderam partes de si mesmas.
Nós as crianças sem colo de mãe passamos a vida procurando desesperadamente por esse colo sagrado, acolhedor e protetor sem encontrá-lo.
Ficamos soltos no ar, sem poder viver e sentir a vida plenamente porque não temos a base da confiança e da segurança. Não temos para onde correr, nos abrigar e ouvir aquele cântico amoroso: - “Nana nenê, tudo está bem, calma, tu estás comigo e eu vou te proteger. Vai passar, nana nenê...”
O fio do amor de nossa mãe que está ligado em nós, está emaranhado, enrolado demais, deixa passar pouca luz, por isso nos sentimos fracos de amor.
Nos tornamos mendigos do amor.
Os relacionamentos afetivos são apenas uma forma de sugar o amor do outro para preencher o colo vazio de nossa mãe.
Como uma criança carente brigamos e exigimos que o outro nos dê o que nos falta, e nunca estamos satisfeitos. Essa parte infantil de nossa alma ficou presa nessa armadilha e foi guardada no nosso inconsciente.
Quando algum evento ressoa no mesmo padrão de abandono, de vazio, de desconfiança reagimos como a criança que não teve o colo da sua mãe.
Enquanto essa parte da nossa alma não for resgatada à nível consciente permanecemos aprisionados e aprisionando as pessoas que amamos em relacionamentos infantis e desgastantes.
Olhar para dentro de nós mesmos devagarinho, com carinho e cuidado nos permite a condição de integrar as partes da nossa alma que estão dispersas. Com o tempo, com trabalho e dedicação vamos conseguindo nos tornar um ser integral. Inteiros e livres podemos amar e ser amados, aceitando todas as experiências da vida que se apresentam para nós.
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